BOAS VINDAS

Olá, pessoal!
Em primeiro lugar, quero que saibam que toda visita será bem-vinda, toda. E que este será um espaço para reflexão e discussão sobre os temas democracia e educação. E claro, podemos esticar o diálogo para outros assuntos, desde que tenham alguma relação com os temas, ok?
Em segundo lugar, gostaria que esperassem a página carregar, caso contrário, pode acontecer de não conseguirem ler os textos, porque o fundo fica muito claro...
No mais, fica o agradecimento pela visita!

Patricia Bastos

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ÉTICA, EDUCAÇÃO E SOCIEDADE: discutindo as relações líquidas.




Por Patricia Gonçalves Bastos



"Não posso continuar sendo humano, se faço desaparecer em mim a esperança".
Paulo Freire

Falar sobre ética em tempos contemporâneos certamente, não é uma tarefa fácil. Isso porque se trata de um período caracterizado pelas quebras de paradigmas. Dessa maneira, não é demasia salientar que o que se discute é um momento histórico em que as verdades não se sustentam por muito tempo, elas são descartáveis. Sobre a descartabilidade - um conceito outrora empregado apenas para questões industriais - esta, agora escapa e atinge o campo social. E da mesma forma como são consumidos produtos e serviços, as relações também são desprestigiadas por esse fenômeno contemporâneo, e por isso descartadas. Isso ocorre porque os meios de comunicação, forte ferramenta de manipulação da pós-modernidade, associa a felicidade, o prazer e a liberdade com o consumo exarcebado.
Para Zygmunt Bauman (2001), sociólogo contemporâneo, vivemos em um período líquido-moderno, que significa a pós-modernidade. Para o autor “os líquidos, diferentemente dos sólidos não mantêm sua forma com facilidade” (BAUMAN, 2001, p 08). Assim sendo, o mundo o qual estamos inseridos deixa escapar as relações reais, que são substituídas por relações que compensam vazios, provocados justamente pela cultura do consumo.

Nesta vida, modernidade tardia ou líquido-moderna, os relacionamentos são um assunto ambíguo e tendem a ser o foco da mais aguda e enervante ambivalência: o preço da companhia que todos nós ardentemente desejamos é invariavelmente o abandono, pelo menos imparcial, da independência, não importa o quanto possamos desejar aquela sem este (VIEIRA apud BAUMAN, 2009, p 23).

Apresentadas essas premissas, cumpre ressaltar que vivemos uma sociedade líquida em que a dúvida direciona as ações e que a certeza é algo que inexiste. Os paradigmas são quebrados de tempos em tempos, pois não suportam um período longo para se manterem. Nesse sentido, as pessoas têm dificuldades em tomar decisões, e por isso também, não se reconhecem em nenhum contexto social. E isso afeta as relações de um modo geral, que nascem fragilizadas e com validade, são relações líquidas, descartáveis.
É preciso pensar em uma proposta social, pedagógica e filosófica que rompa com as regras pós-modernas que desumanizam a sociedade, amesquinhando a sua condição humana. É preciso, como supõe Fernando Savater, que nos contagiemos de humanidade, e isso significa dispensar as relações voláteis e insinceras, significa dispensar as práticas líquidas de um tempo que reserva o consumismo humano como herança de um período histórico que desapercebeu o sujeito como pessoa.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001;
VIEIRA, Taísa Chehab. Sociedade de consumo: a construção das relações a partir do contexto da pós-modernidade. 2009. Monografia (Curso de Psicologia) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, RJ.