
Por Patricia Gonçalves Bastos
"Não posso continuar sendo humano, se faço desaparecer em mim a esperança".
Paulo Freire
Paulo Freire
Falar sobre ética em tempos contemporâneos certamente, não é uma tarefa fácil. Isso porque se trata de um período caracterizado pelas quebras de paradigmas. Dessa maneira, não é demasia salientar que o que se discute é um momento histórico em que as verdades não se sustentam por muito tempo, elas são descartáveis. Sobre a descartabilidade - um conceito outrora empregado apenas para questões industriais - esta, agora escapa e atinge o campo social. E da mesma forma como são consumidos produtos e serviços, as relações também são desprestigiadas por esse fenômeno contemporâneo, e por isso descartadas. Isso ocorre porque os meios de comunicação, forte ferramenta de manipulação da pós-modernidade, associa a felicidade, o prazer e a liberdade com o consumo exarcebado.
Para Zygmunt Bauman (2001), sociólogo contemporâneo, vivemos em um período líquido-moderno, que significa a pós-modernidade. Para o autor “os líquidos, diferentemente dos sólidos não mantêm sua forma com facilidade” (BAUMAN, 2001, p 08). Assim sendo, o mundo o qual estamos inseridos deixa escapar as relações reais, que são substituídas por relações que compensam vazios, provocados justamente pela cultura do consumo.
Para Zygmunt Bauman (2001), sociólogo contemporâneo, vivemos em um período líquido-moderno, que significa a pós-modernidade. Para o autor “os líquidos, diferentemente dos sólidos não mantêm sua forma com facilidade” (BAUMAN, 2001, p 08). Assim sendo, o mundo o qual estamos inseridos deixa escapar as relações reais, que são substituídas por relações que compensam vazios, provocados justamente pela cultura do consumo.
Nesta vida, modernidade tardia ou líquido-moderna, os relacionamentos são um assunto ambíguo e tendem a ser o foco da mais aguda e enervante ambivalência: o preço da companhia que todos nós ardentemente desejamos é invariavelmente o abandono, pelo menos imparcial, da independência, não importa o quanto possamos desejar aquela sem este (VIEIRA apud BAUMAN, 2009, p 23).
Apresentadas essas premissas, cumpre ressaltar que vivemos uma sociedade líquida em que a dúvida direciona as ações e que a certeza é algo que inexiste. Os paradigmas são quebrados de tempos em tempos, pois não suportam um período longo para se manterem. Nesse sentido, as pessoas têm dificuldades em tomar decisões, e por isso também, não se reconhecem em nenhum contexto social. E isso afeta as relações de um modo geral, que nascem fragilizadas e com validade, são relações líquidas, descartáveis.
É preciso pensar em uma proposta social, pedagógica e filosófica que rompa com as regras pós-modernas que desumanizam a sociedade, amesquinhando a sua condição humana. É preciso, como supõe Fernando Savater, que nos contagiemos de humanidade, e isso significa dispensar as relações voláteis e insinceras, significa dispensar as práticas líquidas de um tempo que reserva o consumismo humano como herança de um período histórico que desapercebeu o sujeito como pessoa.
É preciso pensar em uma proposta social, pedagógica e filosófica que rompa com as regras pós-modernas que desumanizam a sociedade, amesquinhando a sua condição humana. É preciso, como supõe Fernando Savater, que nos contagiemos de humanidade, e isso significa dispensar as relações voláteis e insinceras, significa dispensar as práticas líquidas de um tempo que reserva o consumismo humano como herança de um período histórico que desapercebeu o sujeito como pessoa.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001;
VIEIRA, Taísa Chehab. Sociedade de consumo: a construção das relações a partir do contexto da pós-modernidade. 2009. Monografia (Curso de Psicologia) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis, RJ.