
Por Patricia Gonçalves Bastos
Farei das memórias, dos saberes, dos sorrisos e dos cabelos dançantes (enquanto o sabiá cantava à sua janela) a mais doce lembrança de ter sido abençoada com a presença de uma Fada em minha vida. "Uma Fada, vestida de azul, com sua varinha prateada, de estrelinha na ponta, cobrando o fichamento de um artigo..." (CABRAL, 2009, página triste da minha vida). Enquanto crescemos, aprendemos que os anjos nascem aqui, na Terra; nos ensinam (e aprendem) a ver as coisas do alto. Abrem mão, às vezes, das teorias, tão respeitadas e cultuadas nas universidades, para mostrar que mais que estudar Piaget ou Vygotsky é preciso, acima de tudo, conhecer as pessoas que nos rodeiam, os alunos de cada dia.
Certa vez, ela me disse que Piaget descobriu coisas interessantíssimas, mas não sabia se ele fora tão feliz quanto ela, pois o que sentia ia além das teorias. Ter lecionado anos a fio, mostrou-lhe que a palavra, a prática sentida era mais real e humana que uma imóvel transferência de conhecimentos. E que esse era um dos caminhos para a felicidade.
Nos últimos meses, risos e lágrimas andavam de mãos dadas... Mas, ela dizia que era de tanta alegria, pois ver sua casa encharcada de alunos, ex alunos, amigos, companheiros de trabalho e utopias era a maior gratificação de uma vida inteira dedicada à educação. Ela estava feliz...
À Professora Maria Campos, com o meu amor.
"E nossa história não estará pelo avesso assim [...] teremos coisas bonitas pra contar. E até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer. Não olhe pra trás, apenas começamos" (Renato Russo).